O Trabalhador

segunda-feira, março 21, 2011

 Acordar, tomar café, arrumar esse meu cabelo... Poxa como pode apenas essas pequenas dezenas de fios não colaborarem e todos se rebelarem, fazendo do tudo menos  ficar penteado para o lado que eu quero. Mas logo não terei  esse problema mais, com dias tão ruins a calvice é certa.
  Sair, andar, andar rápido, correr, estou atrasado. Pensei que se talvez tivesse um emprego "próximo" a minha casa não seria ruim, ainda poderia dormir um pouco mais pela manhã. Amargo engano, é suficientemente perto pra que se eu pegasse um ônibus eu me atrasasse ainda mais, sem contar que eu teria que acordar mais cedo. É suficientemente longe pra que se eu dormir mais dez minutos eu tenha que sair correndo.
  Correndo eu vou, passando pelas mesmas ruas todas as manhãs, sobe ladeira dece ladeira e ainda tropeço na mesma pedra da calçada. As mesmas coisas, as mesmas lojas abrindo, a mesmas pessoas saindo de suas casas para seus, talvez, divertidos trabalhos, senhores e senhoras sentadas a porta de casa contemplando o nascer do sol, alguns voltando para sua casa com sua sacola de pão pra seu café da manhã.
  Se me veem todo dia por que não me comprimentam? Meu bom dia ecoa pelas ruas quase vazias. Não sabem quem eu sou, ao menos o meu nome, nem onde quero chegar, apenas me veem correndo quase sempre, sabem como eu estou e para qual lado estou seguindo.
  Varias vezes, durante muito tempo em nossas vidas não nos preocupamos em conhecer as pessoas que estão ao nosso redor, a acompanhamos, vemos todos os dias mas, cada um em seu mundinho particular, não estamos dispostos em saber aonde o outro que chegar. Temos pressa, temos planos, temos nós, nós!? Temos o eu, só o eu importa.
  O meu eu, cansado, ofegante. Cheguei e agora, agora só tenho que pensar em um verbo, trabalhar.

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