Retiro de meditação Vipassana | Desistência

sábado, janeiro 05, 2019

Os relatos a seguir são tão íntimos que eu demorei todo esse tempo pra falar sobre isso e como me afetou. 

A primeira vez que ouvi sobre vipassana foi em um video de pranyma onde o rapaz falava sobre brevemente que foi a um retiro, posteriormente procurando sobre retiros de meditação gratuitos me deparei com vipassana novamente. Comentei com meu noivo e ele foi o grande entusiasmado de nos escrevermos, tentamos pela primeira vez em 2017 onde eu não consegui me inscrever fiquei na lista de espera, no começo de 2018 tentamos novamente mais acordei era 06:00 e também fiquei na lista de espera dessas duas vezes eu disse a ele que poderia ir sozinho já que ele queria tanto, pra mim não fazia questão, eu nesta época já era praticante do budismo na nova tradição kadampa e achava que estava bom e que não teria nada de muito novo ou surpreendente a aprender, (tolice rs). Ton não quis ir sem mim, então tentamos mais uma vez no meio de 2018. Acordei as 03:00 da madrugada e consegui as cinco da manha me inscrever e ele também, tudo certo, eu fiquei com muito medo como relatei nos posts antes de irmos pensei que não era algo pra mim e que seria muito difícil, mais mesmo assim eu meditava com o aplicativo da natura durante o mes todo que antecedeu para treinar a postura e tudo mais, eu me sentia empolgada e fiquei com medo de querer desistir foi muito empolgante pensar que iria compartilhar essa experiencia com meu parceiro e fomos muito empolgados.

Ton e Lari, no carro a caminho do centro de medtação 
 Lá tem uma regra de não poder se tocar e posteriormente a segregação entre homens e mulheres, fiquei contente em perceber que poderia vê-lo nas três sessões em grupo que teríamos diariamente na sala de meditação. Era o meu êxtase do dia. Eu o amava quando o via, e não se quer podia olhar ele no olhos, eu o senti diferente logo no primeiro dia, porem eu acreditei que ele estava apenas concentrado.
DIA UM: estava com o corpo dolorido e apendemos anapana, pra mim que já fazia pranayma foi fácil de boa ter percepção da respiração eu amei tudo estava tudo bom, fiquei com medo de não conseguir dormir porque no meu quarto tinha duas pessoas que roncavam, mais decidi aceitar que era apenas um som e foi bem.
DIA DOIS: sentia muitas dores mais ainda curtindo tudo, mudei de lugar de forma que eu encostava na parede deu uma ajudada.
DIA TRÊS: estava com uma dor intensa no cóccix foi terrível eu chorei de dor, desespero e pensar que isso me faria desistir, porem deitada pra descansar e relembrando da palestra de reflexologia que fomos achei o ponto no meu pé e massageei foi um alivio  consegui continuar bem
DIA QUATRO: com as adversidades superadas minha contenção dos dentes inferiores descolou pensei também que isso seria algo  que me faria desistir, porem não dei muita importância guardei ela e aceitei que teria q esperar para recolocar ela.

As 5 fases do luto (ou sobre a morte) de Elisabeth Kubler-Ross
  • Fase 1) Negação.
  • Fase 2) Raiva.
  • Fase 3) Barganha.
  • Fase 4) Depressão. 
  • Fase 5) Aceitação.
DIA CINCO: decidi ficar na cama e não ir na meditação as 4h da manhã acordei as seis horas pra meditação em grupo e não vi a almofadinha do Ton no lugar dele. Já me bateu um desespero,
Fase 1) Negação. Onde ele estava ? o que aconteceu ? foi horrível. a meditação começou e eu não podia sair do meu lugar, eu apenas chorava sem conseguir parar. Passado uma hora, meditação acabou e fui falar com a gerente do grupo feminino, que falava espanhol, eu aos prantos tive que respirar muito pra conseguir deixar as palavras saírem, ela não me compreendia e eu perguntei:
-algum homem desistiu do retiro?
Ela confusa:
- Si, no!? você quer saber do seu enamorado?
Respondi chorando:
- Se ele tivesse saído vocês iriam me avisar?
Ela, assustada e confusa, claramente não poderia me responder o que eu perguntei, ainda visto que eu estava descontrolada fez o que julgou certo.
-Vamos falar com o professor na entrevista.
Diariamente tem entrevista com o professor que nos esclarecer duvidas individualmente e também resolve alguns dilemas que acontecem.
Neste dia  eu comi como passarinho nada descia eu só chorava e não queria pensar que ele tinha me abandonado lá, eu estava me convencendo a não ter nada pensado pra ver oque iam me falar.
Era 12:45 hora da entrevista, meu nome na lista estava por ultimo mas o professor Carlos me chamou primeiro. Ele com muita calma também falava espanhol, Jesus me ajude rs, Fase 2) Raiva. Ele disse muitas coisas, me deu um lencinho de papel eu ouvi mais ou menos que Ton foi embora e ai eu no chão tirei os óculos e desmontei falando que não tinha ENTENDIDO NADAAAAAAAA!
o gerente masculino que falava português traduziu tudo e disse que o o ton foi embora porque não estava conseguindo se adaptar e aprender as técnicas. meu mundo de aprendizado e felicidade acabou naquele momento e foi como se nada que ele falou me serviu. chorei o restante do dia e em todas as meditações em grupo e refeições e durante a noite. Fase 3) Barganha Senti muita ira e queria romper com ele e brigar com ele e tudo mais." Vou terminar esse retiro pra ter moral de criticar ele vou terminar nem que seja por esse ódio!!!!"
DIA SEIS: Levantei as seis horas. Meditação em grupo obrigatória. chorando, café, sem apetite nenhum apenas tomada pela desapontamento e Acredito que estava na Fase 4) Depressão. Decidi ir na entrevista novamente e falar com o professor.
- Eu não aceito o que vocês fizeram, como puderam deixar o Ton ir embora? porque ele não falou comigo? Eu não aceito ele ter desistido.
Professor Carlos atencioso paciente me disse com firmeza e carinho:
-Você estava apegada a ideia de vocês fazerem o curso juntos e terminarem juntos mais Ele foi embora, já foi agora você decide o que você vai fazer, aceita.
O professor com sua calma me desarmou e jogou a realidade que eu precisava encarar.

E eu aceitei, Fase 5) Aceitação  tudo o que eu estava acontecendo e aprendi tudo mais sobre o vipassana e esses dias sem o Ton me dediquei ainda mais, sem distrações. Foi incrível superar este minha ciclo de ações que geralmente parava na raiva e teriam que ser resolvidos da minha maneira, foi incrível isso ter acontecido porque pude ter este contato com esta parte a ser superada.
Estava tudo maravilhoso demais pra mim tudo perfeito e muito feliz e isso aconteceu e me deu uma sensação de ter levado uma "voadora no peito" depois de chorar dois dias continuei enfrentando os quatro que me restavam e tudo que aprendi com vipassana fez com que ao sair eu não tivesse um rompimento com meu noivo e sim uma compreensão e compaixão
Foto do dia 11 do retiro logo apos pegar o celular de volta. 
Vipassana me ajudou a superar as decepções e a amar mais meu noivo.

You Might Also Like

0 Comentários

Facebook

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *