Conto gótico IV: Acho que já a vi antes

quarta-feira, dezembro 15, 2010



Estava ele sentado na soleira da porta de sua cabana o céu estava tão escuro, apenas colorido por raios que cortavam as nuvens mal se via a lua, mas a terra estava seca, as nuvens estavam segurando suas lágrimas assim como ele tentava segurar as suas. Já se passavam algumas semanas que ele tinha visto aquela mulher desfalecer na sua frente, já fazia semanas que ele passava suas noites em claro. Seus pensamentos eram contínuos naquele olhar aflito que vinha daquela mulher, enquanto sua consciência sentia esta dor ele não podia evitar que a razão o questionava por qual motivo tal sentimento o torturava.
  Como de costume pegou seu cão e junto dele foi caminhar sobre as pedras era inevitável que ele lembrasse do quando ouvia ao longe um som tão agradável e relaxante que vinha do alto do precipício, estranho pois já não o ouvia mais a semanas, enquanto caminhava viu seu cão sair em disparada em direção ao local onde havia a mulher, só agora é que ele se recordou do homem que tinha deixado pra trás, ao chegar percebeu que o cadáver não estava mais jogado nas pedras. A região sempre foi deserta e desabitada, só se poderia encontrar outras pessoas caso subissem pela floresta e chegassem no alto do precipício.
  O cão latia freneticamente para o violão que estava ali jogado, mostrava-lhe os dentes com presas enormes, o Homem se assistiu nunca tinha visto seu animal daquela foram, ao ver um relampago mais forte resolver pegar o violão e voltar para casa, quando coloca a sua mão calejada nas cordas enferrujadas do instrumento o cão se calou e um raio caiu sobre ele.
  Ao abri os olhos ele se viu de volta em sua cabana deitado na sua cama, a principio estranhou, se levantou e chamou seu cão, mas não houve retorno, resolveu sair a procura dele, a cada passo se sentia mais confuso, não entendia o que estava acontecendo. Viu um vulto passando rapidamente e resolveu segui-lo, logo se embrenhou na floresta precipício acima, quando achava que tinha  perdido de vista logo o via novamente, não era humano nem animal, mas sentia que deveria segui-lo.
 Chegou lá em cima, e já era noite novamente, se via perdido, sujo diante de um pleno breu, sentia apenas um leve brisa em seu peito ofegante, diante de um local desconhecido só podia ver bem longe uma luz de uma vela quase toda derretida, foi em sua direção viu que ali estava a moça que ele avia tentado salvar aquele dia.
  Vê-la foi um choque, faltava-lhe chão abaixo dos pés, não pode se conter, mas quando se aproximou ela já estava se levantando com seu vestido branco tão belo e fascinante, ele viu o violão que ele estava debruçada cair ao chão, o pavio da vela apagou-se, ele estava longe demais para poder fazer algo, mas ainda tentou correr. Ela estava cega e deu três passos ao precipício.
   Mas uma vez em um gesto de desespero ele tentou segura-la, os fios do cabelo dela passavam entre os dedos dele e ele sentiu-se desequilibrando, caiu junto dela, fechou os olhos. Quando abriu estava sendo acordado pelo seu cão, o que ele segurava tinha se tornado carvão, sentia as queimaduras em seu braço mas a dor não era maior do que a que estava em seu peito.
  Não tinha certeza se era real o que tinha vivido, ou relembrado, talves delirado. Finalmente correram lágrimas em seu rosto, por mais uma vez teve a vida dela em suas mãos e deixou perde-la, como se as nuvens resolvessem o acompanhar começou uma espessa chuva com pingos grossos, que se assemelhavam com as lágrimas do homem. E surgiu o sol no horizonte.

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