Feliz ano novo na sarjeta

sexta-feira, dezembro 31, 2010

E quando achamos que temos tudo, o que temos é nada, agora acabou o ano e o que fizemos foi realmente bom? Me veio essa ideia derrepente, por que o ser humano é tão ruim com os outros que não percebe que apenas o prejudicado é ele mesmo, é naquilo que mais desprezamos que pode estar o que realmente queremos.


   Oh só os dois ali jogados na sarjeta, meio sujos e totalmente sem noção de seus atos, profundamente possuídos por aquela liquido derivado da cana, já não se importando com as pessoas passando e os incarnado com um ar de repulsa, se divertindo tanto conversando que até parecem não ter problemas.
   Pra mim isso era o fim, tantos anos vendo aqueles dois senhores de respeito que sempre jogavam domino na praça, que iam a igreja todos os domingos naquele estado deprimente, mas uma coisa num podia negar até na hora de ficarem bêbados os dois estavam juntos. Desta vez eu num quis me unir a eles, durante a nossa juventude nós três aprontamos muito, mas beber... não, não nunca! Quer dizer nunca tanto.
   Sabe desde que saímos do asilo eu tive mais sorte que eles, sempre foi assim, eu não tenho culpa de ser mais bem favorecido eu disse a eles para pararem de gastar o dinheiro da aposentadoria com o bingo, mas os dois tão impulsivos, eu fiz meu pé de meia e tô passando meu natal muito bem, obrigado! Ainda bem que o meu filho me deixou trabalhar aqui com ele neste bar.
   Olha em parte a culpa é minha, eles nunca tinham pisado aqui dentro fui eu que chamei eles para entrar, não esperava que estivessem tão mal a ponto de não saberem se controlar, esses daí, vão ficando velhos e perdendo o juízo. Porém vendo por esse lado eu estou ficando velho também e acho que poderia perder o juízo junto com eles, já que num tem ninguém aqui no bar e meu filho foi na ceia na casa da sogra e não quis me levar, vou sair de trás desse balcão e é agora!
   Aproveitando essa alegria resolvemos emendar até o ano novo, já não me importava com o que o meu filho iria achar, ele estava tão contente com a sua nova família que nem se importava se eu estivesse bem,  só sentado ali com eles que eu pude perceber que eu não estava tão bem assim, vi o meu erro, ele se tornou igual a mim, eu não ensinei ao meu filho que a visão de quem esta em baixo é mais privilegiada por que dá pra ver quem é que vai cair.


    Oh só os três ali jogados na sarjeta, meio sujos e totalmente sem noção de seus atos, profundamente possuídos por aquela liquido derivado da cana, já não se importando com as pessoas passando e os incarnado com um ar de repulsa, se divertindo tanto conversando que até parecem não ter problemas.
    Não acredito nisso pleno ano novo e esses velhos só me dão prejuízo! Deixo ele trabalhar aqui e ele trás os amigos pra ficar bebendo a minha cachaça, na porta do meu bar! Tão achando o que? Que aqui é como o transporte público, passou dos sessenta e cinco pode usar de graça? Pior que num tem dinheiro pra nada, nem vou me esforçar cobrando... Ainda reclama que eu num cuido dele, deu pra ficar bebendo. Espero não acabar como ele sem nada e dependendo dos outros.

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